CRB BLUMENAU - 2010 |
Relativamente à vida consagrada, o Sínodo lembrou em primeiro lugar que esta «nasce da escuta da Palavra de Deus e acolhe o Evangelho como sua norma de vida». Deste modo, viver no seguimento de Cristo casto, pobre e obediente é uma «“exegese” viva da Palavra de Deus». O Espírito Santo, por cuja virtude foi escrita a Bíblia, é o mesmo que ilumina «a Palavra de Deus, com nova luz, para os fundadores e fundadoras. Dela brotou cada um dos carismas e dela cada regra quer ser expressão», dando origem a itinerários de vida cristã marcados pela radicalidade evangélica.
Desejo lembrar que a grande tradição monástica sempre teve como fator constitutivo da própria espiritualidade a meditação da Sagrada Escritura, particularmente na forma da lectio divina. De igual modo, hoje, as realidades antigas e novas de especial consagração são chamadas a ser verdadeiras escolas de vida espiritual onde se há de ler as Escrituras segundo o Espírito Santo na Igreja, de modo que todo o Povo de Deus disso mesmo possa beneficiar. Por isso, o Sínodo recomenda que nunca falte nas comunidades de vida consagrada uma sólida formação para a leitura crente da Bíblia.
Desejo fazer-me eco da solicitude e gratidão que o Sínodo exprimiu pelas formas de vida contemplativa, que, pelo seu carisma específico, dedicam boa parte das suas jornadas a imitar a Mãe de Deus que meditava assiduamente as palavras e os factos do seu Filho (cf. L c 2, 19.51) e Maria de Betânia que, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra (cf. L c 10, 38). Penso de modo particular nos monges e monjas de clausura que, sob a forma de separação do mundo, se encontram mais intimamente unidos a Cristo, coração do mundo. A Igreja tem extrema necessidade do testemunho de quem se compromete a «nada antepor ao amor de Cristo». Com frequência, o mundo atual vive demasiadamente absorvido pelas atividades exteriores, onde corre o risco de se perder. As mulheres e os homens contemplativos, com a sua vida de oração, de escuta e meditação da Palavra de Deus lembram-nos que não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus (cf. Mt 4, 4). Por isso, todos os fiéis tenham bem presente que uma tal forma de vida «indica ao mundo de hoje o que é mais importante e, no fim de contas, a única coisa decisiva: existe uma razão última pela qual vale a pena viver, isto é, Deus e o seu amor imperscrutável».Verbum Domini, número 83.
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